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Fatia da indústria no PIB cai para 14%
Diretor de Pesquisas da Fiesp diz que participação deve cair de 14,6% para 14% este ano, o que seria um sinal de desindustrialização.
A indústria de transformação brasileira deve perder espaço na economia do País mais uma vez este ano, ao passar dos atuais 14,6% em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) para 14%, informou o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, Paulo Francini.
"Tendo em vista um aumento do PIB deste ano de 1,4% e uma queda de 2,5% no PIB da indústria de transformação, veremos mais um aprofundamento do processo de desindustrialização", disse o dirigente, em entrevista coletiva na sede da entidade, para apresentar os dados da atividade da indústria em setembro. Em 2003, início do primeiro mandato do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, a indústria representava 18% do PIB, segundo a Fiesp.
Em relação ao emprego, a previsão também é pessimista. De acordo com Francini, os últimos dados coletados pela Fiesp mostram que 2012 vai se encerrar com perda de 75 mil postos de trabalho na indústria de transformação paulista. "Em relação ao emprego, 2012 está condenado, é o ponto mais baixo da curva."
Boa parte do fraco cenário para a indústria de transformação se deve à economia mundial, que sofre com a retração na Europa, a lenta recuperação dos Estados Unidos e a desaceleração da China. "Existe uma indústria de transformação excedente para o nível de demanda do mundo."
Nível de atividade. Francini prevê que o Indicador de Nível de Atividade (INA) da indústria de transformação paulista deve crescer 1,1% no quarto trimestre deste ano, ante o anterior, em linha com a alta de 1,2% no terceiro trimestre na mesma base de comparação.
Mesmo com o crescimento dos dois últimos trimestres do ano, a entidade espera que o nível de atividade termine o ano com queda de 4,5%. Mas a recuperação observada entre julho e setembro mostra a primeira alta trimestral na margem depois de cinco trimestre seguidos de retração da atividade.
No mês passado, a Fiesp previa recuo do INA de 5% ao final deste ano, resultado que acabou sendo revisto por causa de um reajuste nos dados da atividade industrial de agosto, cuja taxa dessazonalizada passou para alta de 0,7%, ante queda de 0,3% divulgada anteriormente. Ao longo dos primeiros seis meses do ano, o INA recuou 1,6% no primeiro trimestre e 1,3% no segundo período.
Para Francini, está em curso um processo de recuperação da indústria, porém, em intensidade menor que a esperada pela Fiesp. "Esperávamos que a indústria reagisse às medidas tomadas pelo governo de maneira mais rápida e vigorosa que o atual desempenho."
O dirigente elogiou a queda na taxa básica de juros para os atuais 7,25% ao ano e a melhora do câmbio, embora este, na avaliação da entidade, ainda esteja aquém do ideal. "A ação do governo, conjugada com a queda da Selic e a redução dos spreads bancários, está absolutamente na direção correta", disse Francini.
Para o ano que vem, o dirigente da Fiesp disse esperar reflexos mais robustos das medidas de estímulo ao crescimento tomadas pela equipe econômica do governo federal. "Em 2013 teremos maturação diferente de medidas já tomadas, pois elas demoram um tempo para fazer efeito", explicou. Segundo sua previsão, a indústria de transformação paulista começará o próximo ano com um carregamento estatístico de 1,5% no índice de atividade. "Portanto, chegar a 3,5% em 2013 não é nada impossível."
Fonte: O Estadão
postado em 01/11/2012