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Indústria da cana tenta reduzir folga antes de voltar a investir
Setor renovou canavial, mas enfrenta queda de preços e precisa apertar o cinto para ganhar rentabilidade.
A indústria da cana reluta em retomar investimentos industriais antes de uma reação nos preços do etanol e do açúcar. Depois de fechar três usinas no estado, o setor precisa reduzir sua ociosidade, que estaria em 20%, para recuperar viabilidade, informam os representantes das usinas.
O complexo sucroalcooleiro está tendo de aumentar a exportação em 65% para arrecadar 35% a mais com os embarques, diante da queda de 19% no preço médio por tonelada (US$ 495). Esses índices mostram a variação entre 2012 e 2013, considerando o período de janeiro a maio, e servem de termômetro da receita da indústria.
O quadro se contrapõe à renovação dos canaviais no Paraná. Em 2011, metade dos 586 mil hectares de lavouras tinha que ser renovada. Com um novo ritmo de atividades no campo, esse índice caiu para 10% da área de 618 mil hectares cultivada no estado. Os canaviais antigos foram reduzidos de 300 mil para 60 mil hectares.
As indústrias dependem de condições climáticas favoráveis para reduzir a ociosidade nas operações. Por enquanto, a previsão é que a moagem seja de 39,7 milhões de toneladas – mesmo volume do ano passado. Mesmo com os preços apontando para uma ampliação maior de etanol e menor de açúcar, não há sinal de uma reviravolta no setor.
O quadro registrado no Paraná se repete nos principais estados produtores, conforme Sérgio Prado, diretor da União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica). Ele afirma que o setor entrou em um ciclo de “desinvestimento” a partir da crise econômica internacional de 2008. Dois anos mais tarde, em 2010 problemas climáticos comprometeram o desempenho dos canaviais.
“O fundo do poço foi a safra 2011/12”, aponta Prado. Na época a produtividade média da região Centro-Sul foi de 69 toneladas por hectare – em anos normais o índice seria de 85 toneladas/ha.
A sequência desfavorável comprometeu a capacidade de investimento das indústrias, avalia José Adriano Dias, superintendente da Associação de Produtores de Álcool e Açúcar do Paraná (Alcopar). Ele relata que como a produtividade das plantas mais velhas é menor, parte das usinas aumentou a ociosidade. O fato, aliando à baixa nos preços, deixou a operação no vermelho, aponta.
Atualmente, o Paraná processa 48 milhões de toneladas de cana por ano.
A pressão sobre as indústrias começou a diminuir no ano passado, graças a preços melhores e intervenções governamentais. Para Silva, “os problemas foram atenuados, mas não resolvidos”.
A Unica indica que, em toda a região Centro-Sul, foram fechadas 43 usinas nos últimos cinco anos. Outras 12 podem seguir o mesmo destino ainda em 2013. No Paraná, das 30 indústrias cadastradas, 3 estão fechadas e 2 passam por processo de recuperação judicial para sanar dívidas.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê produção 11% maior em 2013/14, com 653 milhões de toneladas colhidas em todo o país. Para Prado, o menor número de usinas não compromete o processamento, pois a capacidade ociosa será acionada. “Mas há um limite”, alerta. Ele confirma que, por enquanto, não deve haver retomada nos investimentos.
De acordo com Alexandre Figliolino, consultor especializado no setor, o foco das usinas é reduzir ao máximo os custos, o que limita novos investimentos. “Ninguém tem a expansão das atividades como prioridade nesse momento”, argumenta.
A política pública ainda não produz o efeito esperado. Em 2012, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) criou duas linhas especiais para investimentos no setor, com R$ 4 bilhões, mas apenas R$ 1,38 bilhão foi consumido. Para este ano, o orçamento foi mantido, visando ampliar o número de participantes.
R$ 1,5 milhão é o custo estimado para construção de uma usina com capacidade para processar 3 milhões de toneladas de cana ao ano, aponta a Unica. O projeto leva cerca de 4 anos para ser viabilizado e aproximadamente uma década para se pagar.
Fonte: site Gazeta do Povo
postado em 25/06/2013