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Produção industrial se recupera em julho
Índice da CNI sobe seis pontos após queda em junho, apesar de estar próximo ao mínimo que indica crescimento do setor.
A produção industrial se recuperou em julho e voltou a ficar além dos 50 pontos, considerados como o mínimo para indicar crescimento, segundo sondagem mensal divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Após queda para 46 pontos em junho, o índice subiu a 52,1 no mês passado, em uma escala de zero a cem. Para especialistas, a variação é pequena para gerar otimismo e a expectativa é que o setor tenha desempenho fraco neste ano.
Mesmo a valorização nas últimas semanas do dólar não foi o bastante para dar ânimo aos empresários. A moeda norte-americana fechou ontem em R$ 2,394, com queda de 1% depois de seis altas consecutivas. No entanto, o diretor de pesquisa do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Julio Suzuki, diz que a variação poderia beneficiar a indústria exportadora apenas em médio prazo. "Esse ganho (de competitividade) vai ser a partir do próximo ano, porque leva tempo e os contratos já foram fechados."
Diretor da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), Ary Sudam lembra que o dólar em alta também gera prejuízo. "A exportação brasileira está concentrada no setor extrativo e no agroindustrial, que devem estar felizes da vida. Para quem importa insumos, não está bom", conta, ao lembrar o temor sobre a inflação.
O gerente-executivo de pesquisa da CNI, Renato da Fonseca, diz que a mudança constante de valor gera insegurança. "Não adianta só desvalorização da moeda brasileira muito forte. A incerteza em relação à taxa cambial é ainda pior que o real valorizado", conta. Ele explica que a dificuldade da indústria continua porque o mercado internacional está desaquecido e a competição com os asiáticos é acirrada. Suzuki completa que o consumo interno também caiu no País.
Em entrevista ontem, em São João del-Rei (MG), o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, contestou e disse que o dólar "está chegando no ponto que precisa". A afirmação vai contra as de outros integrantes do governo, como o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência, que vê a situação como preocupante. Para Pimentel, a valorização favorece a indústria brasileira. "Quando o dólar estava barato, todo mundo reclamava que a indústria estava mal. Agora que o dólar subiu, vão continuar reclamando?"
Pimentel não crê em impacto na inflação, porque diz que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, têm cuidado bem do problema.
Empregos em baixa
A leve recuperação na produção foi repetida na utilização de capacidade instalada (UCI), que foi de 42,9 pontos em junho para 44,4 em julho. No entanto, os indicadores de vagas de trabalho e de estoques justificam a preocupação de especialistas. O índice de número de empregados continuou abaixo dos 50 pontos, depois de passar de 48,1 para 48,5. Na análise sobre estoques efetivo e planejado, a sondagem apontou 51,7 pontos em julho. Neste caso, resultado acima de 50 pontos indicam estoques mais elevados do que os empresários gostariam.
Por isso, Suzuki afirma que a pequena alta no índice de produção não significa que o setor viverá bons momentos nos próximos meses. "É preciso considerar que a indústria estava em um patamar mais baixo, então é um momento ainda delicado", diz. Sudam não crê em crescimento expressivo. "Não temos mais tempo para nos recuperar e não vamos voltar aos índices anteriores neste ano", diz o diretor da Acil. "Os principais agentes econômicos estimam 2% de crescimento na produção industrial deste ano", conta Suzuki. (Com agências)
Confira o Informativo Oficial da CNI divulgado contendo as estatísticas da atividade industrial.
Fonte: site FolhaWeb - Folha de Londrina
postado em 21/08/2013