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Soja e milho atingem novos recordes na Bolsa de Chicago
Os preços em Paranaguá refletem altas do mercado externo e também renovam máximas.
As cotações da soja e do milho estão fazendo história na Bolsa de Chicago e, se o clima na região produtora de grãos dos Estados Unidos não melhorar, tendem a continuar estabelecendo novas máximas, afirmam especialistas. Depois de passar todo o dia em forte oscilação, os dois produtos conseguiram encerrar o pregão desta quinta-feira (19) nos mais altos valores já registrados. A soja fechou o dia valendo US$ 17,34 por bushel (medida equivalente a US$ 38,14 por saca de 60 quilos), mas ao longo da sessão chegou a bater em US$ 17,41 por bushel.
Diferentemente do milho, a oleaginosa já havia quebrado dois recordes de preço na última semana, quando conseguiu fechar o pregão norte-americano acima dos US$ 16,58 registrados em julho de 2008, até então mais alto valor da bolsa. Nesta quinta, porém, foi a primeira vez em que a soja terminou a sessão acima de US$ 17 por bushel.
Já o milho, grão mais afetado pela seca que assola o Meio-Oeste norte-americano, onde está o Corn Belt (cinturão de produção de milho), quebrou seu primeiro recorde de preço do ano ao fechar o dia valendo US$ 8,07 por bushel (US$ 19,04 por saca).
Em Paranaguá, os preços da soja repetem o comportamento do mercado internacional. Conforme levantamento da consultoria Safras & Mercado, o valor nominal de venda foi de R$ 84 por saca, mas sem negócios realizados, já que falta produto disponível. Já os vendedores de milho pediam R$ 35 pela saca do produto no melhor momento do dia.
Os preços internacionais e domésticos dos grãos refletem a situação de extrema seca nos Estados Unidos. Além da falta de chuva, os termômetros não param de subir e as previsões apontam que o clima deve continuar agravando a condição das lavouras.
O último levantamento sobre as condições das plantações, divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, aponta que, até domingo passado, 38% da área plantada com milho estava em estado ruim ou muito ruim. Nesta época do ano passado, o índice era de 11%. No caso da soja, 30% do terreno está em péssimas condições de desenvolvimento.
A oleaginosa até teria potencial de recuperação, caso as chuvas voltassem a cair na região afetada pela estiagem. Mas, se o clima continuar não dando trégua às lavouras, no curto prazo, as cotações dos produtos tendem a seguir renovando máximas históricas.
Previsão
“Se está ruim, pode piorar”, é o que diz Luiz Renato Lazinski, do Instituto Nacional de Meteorologia em relação ao quadro climático dos Estados Unidos. A afirmação do especialista está baseada na previsão para os próximos dias. “Na região central, oeste e noroeste do Meio-Oeste norte-ameicano, as temperaturas máximas variam entre 37º e 42°C, entre esta e a próxima semana, associado a pouca precipitação, nem preciso dizer que a situação deve piorar muito por lá”, diz ele.
Para o sul, sudeste e leste do cinturão de produção de grãos do Hemisfério Norte, as chuvas voltaram e melhoraram um pouco as condições hídricas do solo, aponta Lazinski. A tendência é que volte a chover um pouco mais nas áreas mais críticas só do final do mês em diante, ou seja, nos próximos 10 a 12 dias o panorama não deve ter mudança significativa.
Safra negra
A estiagem somada às altas temperaturas que atingem o Hemisfério Norte neste ano tende a resultar no maior prejuízo à economia agrícola dos Estados Unidos. As projeções atuais consideram que o clima já roubou mais de 50 milhões de toneladas de soja e milho do país, maior produtor mundial de grãos.
Além disso, o mercado calcula que a produção de soja não será suficiente para suprir o apetite pela commodity, que vem crescendo em todo o mundo. Isso porque a América do Sul – liderada por Brasil, Argentina e Paraguai –, continente responsável por atender mais da metade das importações globais, também foi alvo da seca no último verão.
O núcleo de Agronegócio da Gazeta do Povo estima que, entre soja e milho, o trio sul-americano perdeu mais de 26 milhões de toneladas para o clima na safra 2011/12. O número foi calculado com base em levantamento de campo realizado pelos três países.
Fonte: Caderno Agro – Gazeta do Povo
postado em 20/07/2012