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Impostos fazem produtor brasileiro pagar caro para renovar maquinário

A alta carga tributária exige que os agricultores comprometam até 3,5 mil sacas a mais do que um produtor norte-americano na compra de uma colheitadeira.

A alta carga tributária do Brasil, além de apertar as margens da indústria em momentos de crise nas vendas, exige que os agricultores comprometam parcela maior da sua produção em relação aos norte-americanos. Para comprar uma colheitadeira de última geração, por exemplo, o produtor precisaria desembolsar até 3,5 mil sacas de soja a mais. O cálculo considera o preço médio da oleaginosa praticado em 2011 (primeiro contrato da Bolsa de Chicago para os Estados Unidos e a média Paraná da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento para o Brasil) e produtividade média de três mil kg por hectare.

De acordo com a indústria brasileira e norte-americana, em média, 16,25% do preço pago nas concessionárias são destinados aos impostos (7% de ICMS e 9,25% do PIS/Confins), o dobro das tarifas que incidem nos Estados Unidos (8%). “As máquinas brasileiras estão entre as mais caras do mundo, numa situação parecida com a dos carros. Apesar de não haver IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados), ele é cobrado na cadeia, fazendo com que o motor, transmissão e outros itens fiquem mais caros”, relata o presidente da Montana, Gilberto Zancopé. Além dos impostos, a matéria prima e a mão de obra também encarecem o preço final dos produtos, complementa ele.

A reportagem da Gazeta do Povo comparou os preços de um trator e uma colheitadeira comercializados no 0042rasil e nos Estados Unidos por duas das principais marcas disponíveis no mercado mundial – Case IH e Jonh Deere. No caso da primeira fabricante, os modelos escolhidos foram o trator Farmall 85 cavalos e a colheitadeira Axial-Flow 2688, os mais vendidos pela marca nesses segmentos. O resultado da comparação mostra que o agricultor brasileiro precisa utilizar 210 sacas e 3.549 sacas a mais para levar as máquinas para a fazenda, respectivamente. (Veja os valores de cada modelo na tabela).

A diferença também ocorre na simulação entre o maquinário da Jonh Deere. No caso do trator 5075, a diferença chegou a 1,2 mil sacas. Na simulação envolvendo a colheitadeira 1175, modelo comercializado principalmente pelo programa Mais Alimentos, do governo federal, os brasileiros precisam de 2.273 sacas da oleaginosa a mais em relação aos norte-americanos para comprar o produto.

A disparidade de preços também pode ser observada em outros modelos de máquinas disponíveis no mercado mundial. “Um exemplo é o trator Magnum, que é fabricado em Curitiba e nos Estados Unidos. Ambos são idênticos, mas o trator importado chega ao Brasil custando menos do que aquele fabricado na fábrica brasileira”, cita o gerente de negócios da Case IH para o Rio Grande do Sul, Silvio Campos. “Os Estados Unidos têm preços mais competitivos”, complementa Zancopé.

Frota supera 1 milhão de unidades Mesmo diante do custo elevado, os agricultores brasileiros adquiriram 22% da frota atual de máquinas agrícolas no país nos últimos cinco anos. Segundo censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado em 2007, até 2006 havia pouco mais de 820 mil tratores e 116 mil colheitadeiras nas áreas agrícolas do território nacional. De lá para cá, mais 229 mil tratores e 20 mil colheitadeiras foram adquiridas, o que fez com que a frota nacional ultrapasse a marca de 1 milhão de unidades.

Por outro lado, as exportações de máquinas no Brasil registrou queda de 11% de janeiro a setembro, conforme a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Foram embarcadas 12,1 mil unidades, contra 13,5 mil exportadas no mesmo período do ano passado. A diminuição é atribuída às barreiras impostas pelos compradores, especialmente os argentinos, e os gargalos logísticos brasileiros. “Não temos competitividade. Vamos continuar perdendo mercado se a lição de casa não for feita”, avalia Milton Rego, diretor da Anfavea.

Entre os principais clientes brasileiros estão os países do Mercosul, inclusive alguns dos principais produtores mundiais de grãos. No caso do Paraguai e Uruguai, a redução nos negócios se deve a seca que assolou os países na safra passada, fazendo com que os agricultores diminuíssem os investimentos em tecnologia. No caso da Argentina, o governo local impôs barreiras para importação, com a exigência da emissão de licenças. A medida fez com que várias marcas fossem para o país vizinho.

O negócio com a Argentina não é o igual ao tango, dois para lá, dois para cá. A coisa é complicada. Eles fecharam o mercado e estão focando na estratégia industrial de produzir por lá mesmo”, explica Rego. (CGF)

11% - É quanto caíram as exportações brasileiras de máquinas agrícolas entre janeiro e setembro deste ano. Redução nos embarques está relacionada à imposição de barreiras comerciais levantadas principalmente pela Argentina. Principal cliente nacional, país vizinho tenta atrair indústrias para seu território.

Fonte: Gazeta do Povo

postado em 11/10/2012


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